domingo, 20 de abril de 2008

O Descompasso do Proibido


Existem coisas que podem ser decifradas por palavras. Outras não. Mas, às vezes se chega próximo do decifrável, e é isso que tentarei. Ás vezes é passageiro, como folhas que caem de um outono vivido. Às vezes é pra sempre, como marcas incalcansáveis de um passado memorial. E eu aqui aspirando o ar e o deixando fluir pela minha mente e meu coração. Senti e sinto. Sinto em mim algo impossível, possível até, é como um paradoxo em mim. Se isso é possível ou não, não me importa. O que me importa é o maravilhoso mar de sensações que me invade. É só isso que me importa. Serão sensações ou sentimentos? Será razão ou loucura? Assim como um mar de sensações também existe um mar de perguntas, todas com uma enorme interrogação decorando suas faces.
Eu estava ali há algum tempo, e não deixava nenhuma emoção me encostar, nenhum sentimento. Foi evitando que aconteceu. Talvez fosse pelo libido do proibido, tem de existir alguma explicação. Esse sentimento tão inexplicável pode ser somente atração, ou não. A proibição do quase suportável me traz uma sensação estranha do incrível, da realização. Como se quanto mais proibido fosse, melhor. É com isso que me preocupo, até onde isso chegará?
Um singelo olhar, ou uma simples música é motivo para ocupar minha mente durante todo o tempo. Meus batimentos descompassados depois de um beijo demonstram em mim que eu estou sendo sincera comigo mesma. Até porque eu nunca tentei esconder sentimentos de mim mesma. E essa sinceridade me assusta. Até porque divido isso comigo mesma, e não mais com outros. Eles não entenderiam, me subjulgariam. Enquanto escondo meus temores, meus sentimentos, penso se deixei de existir pra vida. Mas eu vivo, vivo anestesiada, porém vivo.
A música toca no fundo, enquanto todos movem seus corpos no compasso, todos ali com o pensamento em um só lugar. A música, e nada além. A música e a presença de alguém. Essa simples presença me perturba, me faz vivenciar um turbilhão de coisas jamais vividas. Só eu não estou no compasso da música, estou descompassada. "Alguém por favor faça isso parar?" Tento gritar em meu interior, mas ninguém me responde. É a presença que me perturba, como seu cheiro, seus olhos, sua voz... Me perturbam e me acariciam ao mesmo tempo. E isso é proibido? Não se for motivado pelo coração. Peço que não me deixe lúcida, pois esse turbilhão de sentimentos, essa atração e esse descompasso é tão bom e me faz sentir cada vez mais viva.

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