quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Obscuridade

Eu não pretendo escrever, porém escrevo. Eu pretendo não gritar mas, minhas cordas vocais estão soltas demais, para que elas se limitem. Então solto num desespero, uma faca de ar, um grito. E me sinto tão liberta de mim mesma, que tudo soa bem habitual. Não deveria descrever o que para mim, não passa de uma novidade, e essa novidade é que eu tenho desconhecido cada vez mais, depois de desconhecer o próprio causador dela. Aquele com quem eu contava como membro essencial interligado a bonitos sentimentos. E então soube, que realmente a alma de uma pessoa nunca pode ser totalmente desvendada. Que a alma de uma pessoa esconde cantos obscuros, que são muitas vezes incompreendidos, e na maioria das vezes ficam ali, sem serem inaugurados, apenas imóveis, desesperados por uma amostra simples de sua reação. Eu não tenho medo disso, não mais. Eu já observei muitos fatos dolorosos, muitas reações boas e outras nem tanto. Porém para minha surpresa, ou nem tanto, o conhecido pode simplesmente se tornar totalmente novidade para você, satisfatórias ou não. Seguir novos rumos, ter novas reações, novas ações... Enfim, passar a ser um completo desconhecido. Eu mesma posso ter surpreendido alguém, por uma mudança súbita de atitude, pensamento ou qualquer coisa parecida. E assim segue o ser-humano. Nenhuma alma pode ser revelada, assim como nenhum canto obscuro pode ser desvendado. Há de permanecer cantos que nem nós mesmo nos atreveremos a explorar.

domingo, 24 de agosto de 2008

Geração dos Escravos do Sitema

Tô cheia, de reclamações infundadas, personalidades inventadas, e pseudo-intelectuais. Cansei das mesmas rixas, das reclamações que não nos levam a lugar algum. Pessoas que usam disfarces, que mentem sobre si mesmos escondendo quem são. Pessoas sem reinvidicação, sem coragem pra assumir os próprios medos, escondendo-se em duras carapaças, com frágil proteção. A maioria vivem no limite entre o poder a obsessão do mesmo, entre o amor e o dinheiro, entre a guerra e o egoísmo tão corriqueiro. E pra que poder? Pra que? As pessoas reclamam, sem fundamentos. Não lutam, se conformam. O conformismo virou modo de vida na nossa geração, que cultua computador e o fim dos discos. Vivemos pro trabalho, pro gasto, pra rotina, e esperamos no ócio o nosso derradeiro final. Vivemos tentando criar fakes de nós mesmos, e esquecemos de viver a nossa vida real, que vai além de fakes e fotos, que vai além de personagens criados. Se o jovem é o futuro de uma nação sem futuro, estamos ainda mais enlameados, mais corrompidos pelo dinheiro em potencial, pelas superpotências, e pela queda de nossa cultura. Nós somos apenas raízes de uma potência, isso é um fato. E eu estou cansada do caos de um país que o preserva, que admite que outras nações explorem nossas riquezas, as florestas. Ditamos o fim do preconceito, mas nos deparamos com ele a cada dia. Lutamos pela democracia, mas não sabemos como desfrutá-la, culpamos nossos políticos infames, sem fazermos uma única tentativa de buscar alguém para governar nossa cidade ou país que tenha uma ficha menos suja, menos emporcalhada. Cadê a nossa livre expressão? Fugiu com o conformismo público. Viva o futebol falido, o pão dormido, o samba fodido, a cultura indígena se tornando mundana e se corrompendo com a nossa famosa forma de querer mandar em tudo e em todos, impondo para eles um comércio ou estabelecendo uma igreja a ser seguida (sinônimos), viva também a hipocrisia, a música industrial, o poder, a guerra, a fome, a soberba, o preconceito, o egoísmo, ... o horário eleitoral que mais se parece com um programa de humor, e o nosso conformismo, que nos rodeia diariamente. Geração dos escravos do sistema.