quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Obscuridade

Eu não pretendo escrever, porém escrevo. Eu pretendo não gritar mas, minhas cordas vocais estão soltas demais, para que elas se limitem. Então solto num desespero, uma faca de ar, um grito. E me sinto tão liberta de mim mesma, que tudo soa bem habitual. Não deveria descrever o que para mim, não passa de uma novidade, e essa novidade é que eu tenho desconhecido cada vez mais, depois de desconhecer o próprio causador dela. Aquele com quem eu contava como membro essencial interligado a bonitos sentimentos. E então soube, que realmente a alma de uma pessoa nunca pode ser totalmente desvendada. Que a alma de uma pessoa esconde cantos obscuros, que são muitas vezes incompreendidos, e na maioria das vezes ficam ali, sem serem inaugurados, apenas imóveis, desesperados por uma amostra simples de sua reação. Eu não tenho medo disso, não mais. Eu já observei muitos fatos dolorosos, muitas reações boas e outras nem tanto. Porém para minha surpresa, ou nem tanto, o conhecido pode simplesmente se tornar totalmente novidade para você, satisfatórias ou não. Seguir novos rumos, ter novas reações, novas ações... Enfim, passar a ser um completo desconhecido. Eu mesma posso ter surpreendido alguém, por uma mudança súbita de atitude, pensamento ou qualquer coisa parecida. E assim segue o ser-humano. Nenhuma alma pode ser revelada, assim como nenhum canto obscuro pode ser desvendado. Há de permanecer cantos que nem nós mesmo nos atreveremos a explorar.

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